A redução dos juros no país está provocando uma mudança 
estrutural no setor de seguros e afetando o bolso do consumidor brasileiro. A 
queda de 5,25 pontos percentuais na taxa básica Selic, em pouco mais de um ano, 
derrubou o ganho financeiro das companhias, decorrente das aplicações em títulos 
públicos, que responde hoje ainda por mais da metade dos seus lucros. Para 
compensar a diminuição na receita, as empresas de seguros elevaram preços e 
buscaram mais eficiência.
Em todo o Brasil, o preço dos seguros subiram de 2% a 5% neste 
ano, de acordo com o Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo 
(Sincor-SP), que monitora o mercado nacional. No ramo de automóveis, que 
responde por um terço dos seguros vendidos no país (excluindo planos 
previdenciários), a alta média ficou entre 7% e 10%, de acordo com a entidade. 
Ou seja, até o dobro da inflação acumulada este ano, de 4,38%, medida pelo 
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE.
— No segmento de veículos tivemos guerra de preços muito grande 
no ano passado, que reduziu o preço do seguro para automóveis e trouxe prejuízo 
para corretoras. Este ano, devido à queda da Selic e à melhora do mercado, 
tivemos este reajuste — diz Mário Sérgio, presidente do Sincor-SP.
Os aumentos variam de cidade para cidade, e de acordo com o 
perfil dos clientes. Marcos Pummer, assessor técnico do Sincor-SP, diz que a 
alta atingiu principalmente as maiores praças, como São Paulo, que responde por 
48% do mercado brasileiro de seguros, e o Rio de Janeiro, o segundo maior, com 
participação de 13%.
Os maiores mercados são também os locais com maior 
sinistralidade, como roubos e batidas. Segundo Pummer, o índice de furtos é 
ainda muito alto no país e aumentou este ano.
— O crime organizado está cada vez mais organizado: quando a 
pressão sobre determinado crime aperta, ele passa para o furto de veículos e 
cargas.
Pesaram também nos reajustes deste ano o preço das autopeças, 
que no acumulado do ano até outubro registram uma alta de 3,39% de acordo com o 
IPCA, do IBGE, e o aumento no custo do conserto de veículos, que no mesmo 
período subiu 4,2%.
Preço pode subir mais 10% em 2013
A correção de valores, de acordo com os especialistas, deve 
prosseguir no próximo ano. O analista Francisco Galiza, da consultoria Rating de 
Seguros, espera alta de pelo menos 10% em 2013, para fazer frente à receita 
menor decorrente do pagamento de juros às companhias seguradoras.
— Esse é o mínimo para cobrir a alta da inflação e ainda a 
diminuição das receitas por causa dos juros. Esse ajuste em função dos juros 
está ocorrendo em todo o mundo — diz Galiza.
Segundo ele, hoje o resultado financeiro responde por algo 
entre 60% e 65% do lucro das empresas de seguros. Esse percentual inclui tanto a 
remuneração das aplicações financeiras, principalmente em títulos públicos, 
quanto os juros cobrados pelas empresas no pagamento parcelado dos 
seguros.
— A tendência é que o resultado financeiro perca importância 
relativa nos resultados das companhias nos próximos anos — afirma 
Galiza.
Na Chubb Seguros, por exemplo, as receitas financeiras 
responderam por aproximadamente 80% do resultado da empresa no ano passado, 
enquanto a operação de venda de seguros propriamente dita deu conta dos 20% 
restantes. Neste ano, com a queda da Taxa Selic, a contribuição das receitas 
financeiras vai cair para 60%, de acordo com o presidente da companhia, Acácio 
Queiroz. Em 2013, segundo ele, esse percentual deve cair para 50%.
— No ano passado fizemos um aumento de 10% nos nossos produtos, 
o que permitiu que passássemos este ano sem ter de corrigir os preços. Não tenho 
dúvidas de que no ano que vem vamos ter um novo ajuste de preços. É algo que o 
mercado todo vai ter de fazer — afirma Queiroz.
Para dar uma ideia do impacto da queda de juros, Queiroz 
ressalta que em setembro do ano passado, a Chubb tinha R$ 500 milhões em 
aplicações financeiras, que renderam R$ 5,3 milhões em juros. No mesmo mês deste 
ano, embora o volume aplicado tenha sido 20% maior (R$ 600 milhões), o retorno 
financeiro ficou 30% mais baixo, em R$ 3,7 milhões.
Na Porto Seguro, líder no ramo de seguro para automóveis, os 
reajustes ficaram em torno de 15% este ano, de acordo com Marcelo Picanço, 
diretor de Relações com Investidores da seguradora. Ele alega que parte desse 
ajuste se justifica também pelos serviços que a companhia agrega na venda de 
seguros, como a manutenção de automóveis e os consertos domésticos.
O diretor diz que a empresa também conseguiu melhorar o 
indicador de eficiência, que mede o peso das despesas administrativas sobre a 
receita obtida pela companhia. Ele apresentou uma redução de 0,8 ponto 
percentual em relação ao ano passado.
Seguradoras podem ir à Bolsa
O executivo afirma ainda que, a longo prazo, as empresas devem 
buscar também uma diversificação dos investimentos. Hoje, segundo ele, a maioria 
das seguradoras concentra as aplicações financeiras em títulos públicos, que têm 
como referência a Taxa Selic. Na Porto Seguro, 99% das aplicações estão nesses 
papéis. Apenas 1% está em renda variável, embora a Superintendência de Seguros 
Privados (Susep), órgão que regulamenta o setor, permita que até 49% dos 
recursos sejam aplicados nesse tipo de investimento.
— Vai haver um trabalho de ganho de eficiência, vai haver um 
trabalho de ganho de margem e recomposição de preços, e possivelmente alguma 
diversificação que eu chamaria de moderada. Não acho que as companhias 
brasileiras vão sair de 1% em ações para 20% de um ano para o outro — afirma 
Picanço.
Para ele, no entanto, o mercado ultimamente não tem dado opções 
muito atrativas, fora dos títulos públicos.
Fonte: O Globo
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Patricia Campos
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