O crescimento do número de usuários de planos de saúde, que nos últimos três anos saltou de 36 milhões para 41 milhões, sem o crescimento equivalente da rede hospitalar e do contingente de médicos, é apontado por especialistas como causa da superlotação na rede privada. No Hospital Infantil São Camilo, que também aderiu à triagem de pacientes, ao chegar no pronto-atendimento, os pais são logo avisados de que a espera pode levar de duas a três horas.
O atendimento aos bebês e crianças se tornou um gargalo. O diretor do hospital, José Guerra Lage, explica que, apesar de investimentos na estrutura física e crescimento do corpo de pediatras, a demanda é surpreendente. O diretor do São Camilo aponta como motivo da superlotação a crise na pediatria, provocada pela baixa remuneração tanto dos hospitais como dos médicos. Ele lembra que, nos últimos três anos, cinco grandes hospitais gerais fecharam o atendimento à crianças em Belo Horizonte e região.
Fogo cruzado
Para o diretor de saúde suplementar da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Márcio Bichara, o consumidor está em um fogo cruzado: indignado, mas sem saber as causas da superlotação. Segundo ele, a entidade tem defendido junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que o número de usuários do sistema privado seja limitado, assim como os planos devem ter uma mensalidade mínima. “A causa dessa explosão do sistema é que os médicos estão se descredenciando das operadoras pela baixa remuneração, o que atinge também os hospitais”, garante. Segundo ele, no sistema de saúde todos estão insatisfeitos – o valor médio da consulta no Brasil é de R$ 35.
Com o sistema de triagem, o Felício Rocho está tentando retirar os pacientes menos graves da urgência e enviá-los para os consultórios. Mas, segundo o coordenador do pronto socorro do hospital, Breno Figueiredo, existe um ciclo vicioso. “A partir do momento em que o atendimento se torna mais ágil, a notícia se espalha e rapidamente a população volta a lotar o serviço, que se torna de novo demorado”, explica. Segundo ele, mais de 80% dos doentes que lotam as urgências não deveriam estar ali. “Se os pacientes conseguissem marcar consultas com mais agilidade, seria melhor para todos, pacientes, hospitais e planos de saúde. Este é o grande gargalo.”
Nos hospitais particulares percorridos pelo Estado de Minas, a situação mais grave foi encontrada no pronto atendimento da Santa Casa Saúde, onde pacientes reclamavam, além da espera de até 12 horas, da qualidade do atendimento. Magali Rodrigues Alves paga R$ 800 por mês por dois planos de saúde, o seu próprio e o da mãe. Na última quinta-feira, ela precisou acionar o sistema, já que sua mãe teve uma suspeita de acidente vascular cerebral (AVC). “A ambulância demorou mais de duas horas para chegar, já estava quase chamando o SAMU”, conta. Segundo ela, o percurso até o hospital foi longo, sem a utilização da sirene de emergência. “Não gostamos do atendimento médico e nem da demora para se fazer os exames”, reclama. A queixa é sustentado pelo neto da paciente, Ayrton Alves, que também se mostrava transtornado.
Programação
Por meio de sua assessoria, a Santa Casa Saúde respondeu sobre o sistema de marcação de consultas. “Como já amplamente debatido, no Brasil existem algumas especialidades médicas que têm atraído cada vez menor número de profissionais. Essa realidade é comum aos planos de saúde, rede particular ou pública. Uma sugestão é que, dentro do possível, as pessoas procurem programar seus checapes anuais e exames preventivos com antecedência.”
A reclamação dos consumidores já chegou aos órgãos de defesa do consumidor. No ano passado, no Procon Municipal, foram 1.790 reclamações envolvendo planos de saúde. Esse ano, já são 87. “A rede credenciada tanto de médicos como de hospitais não pode ser reduzida depois da assinatura do contrato”, alerta Maria Laura Santos, coordenadora do Procon Municipal.
Fonte: Marinella Castro - Estado de Minas
Att.
Patricia Campos
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