Thais Folego
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Grandes desastres naturais, como o que ocorreu no Chile no último sábado, desencadeiam uma corrida a seguradoras em buscas de indenizações. Só no ano passado, catástrofes naturais e desastres causados pelo homem deixaram um saldo de US$ 52 bilhões em prejuízos, dos quais US$ 24 bilhões estavam segurados - sendo US$ 21 bilhões de dólares de danos por catástrofes naturais e US$ 3 bilhões de prejuízos por desastres causados pelo homem -, de acordo com dados da Swiss Re.
No Chile, o que se tem ainda são estimativas. A Eqecat, empresa americana especializada em catástrofes naturais, calcula perdas econômicas entre US$ 15 bilhões e US$ 30 bilhões, o que equivale a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. As indenizações pagas pelas seguradoras devem ficar entre US$ 3 bilhões e US$ 8 bilhões, ainda segundo a Eqecat. Já a sua concorrente Air Worldwide estima que o prejuízo para as seguradoras seja de US$ 2 bilhões. A seguradora britânica RSA, que tem grande exposição no Chile, informou em nota que os sinistros devem custar 30 milhões de libras esterlinas, o equivalente a US$ 45 milhões.
"Essas catástrofes naturais sempre envolvem resseguros, em geral pela grande quantidade segurados em um mesmo evento", explica Hyung Mo Sung, vice-presidente da Mitsui Sumitomo no Brasil. A Mitsui é uma das maiores seguradoras no Japão, onde a incidência de terremotos é grande.
"É diferente de um incêndio, em que o evento é localizado." Segundo ele, o maior volume de indenizações é para ressarcir danos patrimoniais.
No Chile, mais de 1,5 milhão de casas foram danificadas, fora estradas e pontes que vieram abaixo. De acordo com a RMS, outra empresa especializada em danos por catástrofes, 90% das apólices no Chile têm cobertura para terremoto.
Cobertura cara Sung explica que coberturas para eventos como terremoto, furacão e inundação são contratadas de acordo com o histórico da localidade para esses eventos. "Em países mais desenvolvidos, como o Japão, as seguradoras já conseguem mapear a incidência de terremotos por CEP." Com informações estatísticas em mãos, elas conseguem precificar o risco desses eventos, completa Reinaldo Antunes, responsável por grandes riscos da Mitsui.
A cobertura para terremotos é cara, por conta da imprevisibilidade dos eventos, afirma Marcelo Elias, diretor de infra estrutura para o Brasil e América Latina da corretora Marsh. "Mas, em regiões que têm histórico e alta incidência de terremotos, como o Chile, e furacões, como o Caribe, a colocação do risco no mercado segurador é difícil, sendo o preço algumas vezes proibitivo", conta.
No caso do setor produtivo, as apólices das empresas também preveem cobertura para lucro cessante - quando um evento externo causa a paralisação das atividades de uma empresa. "Nesse caso, as seguradoras garantem a perda bruta segurável", explica. Segundo Elias, o programa de seguros de grandes empresas costumam ser globais, com coberturas adicionais dependendo das características naturais do país.
Fonte: Brasil Econômico