Pouco mais de um mês à frente do IRB, Paixão chamou para si o comando das mudanças estruturais da empresa, a ponto de o único local para não encontrá-lo "é a própria mesa de trabalho", brinca. O executivo envolveu o quadro funcional na tarefa de reestruturação, visto que, desde a posse, promove um café-da-manhã com grupo de 10 funcionários, no máximo, para troca de informações sobre aperfeiçoamentos necessários na empresa. Também reserva tempo para visitar ou receber brokers e executivos de seguradoras, seguindo à risca uma cartilha de tornar o IRB uma empresa mais agressiva."Queremos falar com todos e estar mais próximo do cliente", afirma ele.
Leonardo Paixão está convencido de que os investimentos em áreas estratégicas, como em TI, e em pessoal- mais de 100 pessoas já fizeram curso de gestão na conceituada Fundação Dom Cabral- vão agregar valor à empresa, exigindo um pedágio maior dos novos acionistas em um quadro de possível abertura do capital da resseguradora. Para ele, é mais justo efetuar os investimentos estratégicos agora, beneficiando os atuais acionistas, a abrir o capital e permitir que os novos sócios apropriem dos ganhos que são, por merecimento, dos controladores atuais.
Mesmo assim, o mercado de resseguro parece ser uma boa oportunidade para eventuais investidores, a julgar dos grandes números citados por Leonardo Paixão. Ele informou que este nicho responde, tradicionalmente, por 10% da receita do mercado segurador no País, abaixo da média do mercado mundial, que é de 15%. Ou seja, numa equação exata, tem um potencial de crescimento de 50%, para se enfileirar ao mercado mundial. “Se nada ocorrer, temos um espaço bastante grande de expansão dos negócios, se fizermos a taxa de cessão passar de 10% para os 15% da média mundial", lembrou ele, além do plus da promissora evolução do mercado segurador- que pode ter sua receita anual ampliada de 10% a 20% este ano, segundo cálculos do mercado
Em quaisquer dos cenários, é possível que o IRB Brasil-Re, que hoje detém mais de 50% dos prêmios de resseguros, tenha queda de seu market share, algo que Leonardo Paixão encara com naturalidade, tendo em vista o número de resseguradores presentes no País. "Mesmo com perda de participação, a nossa de receita vai continuar subindo, por causa do ciclo de crescimento de todo o mercado segurador", lembrou ele. Para Leonardo Paixão, a perda de market share tem relação não só com a concorrência, mas também com a recusa de negócios que o IRB está autorizado a fazer desde a abertura do mercado. E não vai só crescer, como apresentar resultados cada vez melhores (algo que os acionistas agradecem), em virtude de uma política mais seletiva de riscos, destacou ele.
O presidente do IRB imagina que as vendas de planos de resseguros devem dar saltos nos próximos anos, tendo em vista a realização de diversas obras de infra-estrutura, como as listadas no PAC, voltadas para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Mas o carro-chefe dos negócios deverá ser a área de energia, sobretudo com o pré-sal, cujos dados de investimentos necessários não param de subir para mais. Este negócio, contudo, não oferece só bônus, mas também ônus, reconhece ele, ao lembrar o episódio do vazamento de petróleo no Golfo do México, já classificado como o maior sinistro da história. Em razão desse sinistro, toda a indústria petroleira deve preparar o bolso para pagar mais nas renovações de contratos de offshore a partir deste ano. "O preço ficará mais caro", adiante Leonardo Paixão, sem precisar o percentual. Mas há um nicho de negócios, o de ramos de pessoas, que pode ser o porto seguro das resseguradoras mais cautelosas e avessas a sobressaltos financeiros, tendo em vista que a demanda no nicho de vida vai se refletir também em vendas de planos de resseguros, para que as companhias possam continuar a expansão dos negócios.