Nos próximos meses, o MP deve mover processo também contra outras associações que operam irregularmente o mesmo produto, chamado de proteção automotiva. Em Minas Gerais, já são cerca de 30 entidades que, juntas, devem somar mais de 100 mil associados. A Ascobom opera no mercado há seis anos. Em 9 de março de 2008, o Estado de Minas mostrou a atuação de entidades de classe na venda de seguros como a Ascobom que, na época, contava com 47 mil associados.
Com as denúncias das 25 investigações contra entidades com atuação similar à Ascobom, abertas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal em Minas Gerais, a entidade teria sido esvaziada. Na falta da Ascobom, o Centro Social de Cabos e Soldados (CSCS), que representa os praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, também teria aderido à moda de fazer seguro automotivo para os militares. Quem liga para o telefone da entidade, localizada no Nova Gameleira, Região Oeste da capital mineira, logo é informado pelo atendimento eletrônico de que o centro também faz seguro de veículos em todo o estado, um filão e tanto, já que a corporação tem em seus quadros cerca de 47 mil pessoas. Parentes de militares também podem aderir.
O seguro é hoje uma das vitrines do Centro Social, fundado em 1986 como um clube de lazer para os militares. O CSCS é administrado pelo cabo Álvaro Rodrigues Coelho, eleito com o apoio do ex-deputado federal e hoje vereador em Belo Horizonte, Cabo Júlio. O ex-deputado federal, denunciado por envolvimento com a máfia das ambulâncias, já foi diretor comercial da Ascobom. O Estado de Minas tentou conversar com Cabo Júlio, que se recupera de doença, mas não obteve retorno.
Para a Ascobom, a investigação do Ministério Público é apenas o início de um processo . “A ação do MP é apenas opinativa. Vamos nos defender e a Justiça vai verificar se os indícios de irregularidade apontados existem ou não”, rebate Domingos Sávio de Mendonça, chefe do departamento jurídico da associação. Segundo ele, a proteção automotiva oferecida nasceu como opção para os veículos com mais de cinco anos de uso, excluídos pelo preço do seguro formal. “No Brasil não há seguro popular”, justifica. O diretor de comunicação da entidade, Geraldo de Freitas Mourão, garante que vê com bons olhos a investigação. “Vamos oferecer nossa defesa para o juiz. Se for preciso, vamos nos adequar. Não há guerra”, diz.
Em 2008, o empresário Romney Alves bateu seu carro importado, um Audi A3. Até hoje, não conseguiu reaver o prejuízo com o reparo do veículo. Romney pagava em dia a proteção automotiva da Ascobom, mas a associação se negou a pagar o reparo e agora o empresário aguarda por uma decisão da Justiça. “Eles alegaram que meu carro era rebaixado. No entanto, eu nunca neguei isto. Meu carro foi vistoriado desta forma”, diz.
Segundo o empresário, seus problemas começaram logo na vistoria. “Registraram que meu carro era nacional sendo que é um modelo importado.
Erraram também outros detalhes, como a descrição da roda”, conta. Como na proteção automotiva os prejuízos são rateados, os valores das prestações do empresário variavam em torno de R$ 150. “Na época, eles orçaram em R$ 12 mil o reparo do carro. Eu consegui consertá-lo por R$ 6 mil, e é este valor que tento receber há dois anos”, apontou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário