quinta-feira, 22 de setembro de 2011

De onde vêm as recusas dos riscos declináveis?

APTS e Sincor-SP realizam evento para debater as oportunidades aos corretores de seguros e os empecilhos na recusa de sinistros

Na tarde do dia 1° de setembro, a APTS e o Sincor-SP reuniram corretores de seguros na sede do sindicato para debaterem soluções para reverter a recusa de sinistros, principalmente de seguros patrimoniais, por parte das seguradoras e resseguradoras.

Mário Sérgio de Almeida abriu o encontro afirmando que riscos declináveis é uma preocupação muito grande principalmente para os pequenos e médios corretores. “Temos recebido muitas reclamações por causa das recusas. Buscamos a Fenaseg e foi constituída uma comissão para tratar deste assunto, mas ainda não conseguimos encontrar uma solução em curto prazo.”

Ainda de acordo com Mário Sérgio, “o mercado está diminuindo para o corretor e isso dá espaço para oportunistas (grupos e cooperativas). Queremos continuar vendendo seguros para as seguradoras, mas, se elas se recusam, não conseguiremos privar os corretores de buscarem outros canais.”

Na sequência, Nelson Fontana, corretor de seguros e coordenador técnico de Ramos Elementares do Sincor-SP, acrescentou que, além do sindicato, a Fenseg criou uma comissão específica sobre riscos declináveis. “O foco é debater o que está acontecendo e porque um número de seguradoras está recusando coberturas. Não é uma questão política, mas sim de mercado”, defendeu.

Fontana lembrou que antes da quebra do monopólio, o antigo Instituto de Resseguros Brasileiro, hoje IRB-Brasil Re, por ser único no mercado tinha por obrigação fazer todos os resseguros no país. “Riscos patrimoniais já foi uma carteira imensa. No final da década de 70, seguro incêndio representava cerca de 70% dos prêmios. Hoje, toda a carteira patrimonial tem uma participação de 8,6%”, citou.

Na interpretação dos gráficos apresentados por Fontana, em se tratando de seguros compreensivos empresarial, os quatro principais players do mercado – Porto Seguro, Marítima, Allianz e a Mapfre – quando comparada a relação prêmios diretos e retidos, o equilíbrio é maior se comparado as prêmios diretos e retidos de Riscos Operacionais e Nominais. “Isso significa dizer que em empresarial, as quatro seguradoras dominam o ramo por reter os prêmios e a desculpa na recusa não pode ser atribuída às resseguradoras, enquanto que Riscos Operacionais e Nominais a maior parcela do prêmio retido fica com as resseguradoras.”

Além disso, afirma Fontana, não pode ser considerada integralmente a alegação de que resseguros excluem da aceitação automática ramos de atividades já que, como dito anteriormente, é a seguradora que retém o mercado. “Porém, está acontecendo que as seguradoras estão operando no limite e para assumir riscos maiores terão de ter mais dinheiro. E a tendência é selecionar a aceitação do risco.”

Claudio Saba, da Marítima, também concorda com Fontana. “A desculpa da resseguradora não aceitar o risco não cola mais. O que precisa haver é uma melhoria no risco, orientar o cliente sobre a adoção de medidas de prevenção, mostrar a estimativa de dano máximo provável e lhe dar recomendações. O corretor tem um grande papel a exercer nesse sentido.”

Saba defende que o foco não é baratear o seguro, mais sim que haja a aceitação dos riscos, mesmo com aumento do prêmio e da franquia. “O risco ruim aumenta mesmo o preço, mesmo que não haja sinistro. A tática é traçar a colocação do risco, com muita informação qualitativa e quantitativa”.

Renato Cunha Bueno, coordenador da Comissão de Resseguros do Sincor-SP, comentou sobre as recentes resoluções CNSP – Susep, 225, 226 e 232. “A 232 exige que 40% da colação do risco sejam com as resseguradoras locais. Já a 225 não diz o que pode ser feito quando as elas recusam o risco. Quem tem coragem de colocar o risco lá fora (exterior) quando as oito (resseguradoras locais) recusam?”, questionou.

Bueno também foi enfático ao dizer que a taxa não corrige o risco, o que corrige é a prevenção. “O processo de subscrição tem de ser inteligente. As informações corretas melhoram o risco. Não é uma regra o declínio de determinado risco por todas as resseguradoras, mas são semelhantes para todas já que são os mesmos resseguradores que dão capacidade ao mercado, também porque as próprias empresas brasileiras mostraram que são os vilões em cada segmento”. A solução, conclui o coordenador, é o desenvolvimento sensorial, estratégico e educacional do mercado.

Fonte: Revista Cobertura | Karin Fuchs

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Patricia Campos

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