Nova norma permite às seguradoras reaproveitar peças usadas nos
reparos de carros batidos
Até junho, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) deve
votar uma norma que permitirá às seguradoras de veículos usarem peças usadas na
reposição de sinistros em carros com mais de três anos de uso. A medida deve
impactar diretamente no custo dos seguros e já se estima que possa haver uma
redução de até 30% nos valores comercializados das apólices. Em Goiás, a frota
que poderá ser beneficiada com a regulamentação supera os 2 milhões de veículos,
segundo dados de 2010 do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
De acordo com a Susep, os critérios para o uso das partes
recondicionadas ainda estão sendo definidos. Mas já é certo que, antes de serem
reaproveitadas nas oficinas credenciadas pelas seguradoras, as peças deverão ser
certificadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro). Desta forma, mesmo usadas, terão garantia de qualidade e
potencial.
O presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros
Privados (Fenacor), Armando Vergílio, explica que, hoje, como as seguradoras são
obrigadas a usar peças originais novas na reposição de sinistros, o reparo de um
carro 2007 acaba se tornando tão caro quanto o de um seminovo, modelo 2013, por
exemplo. Por isso a nova norma deve baratear os preços de seguros.
VOTAÇÃO
Mesmo se for aprovada em votação ainda em junho, não há
garantia de que a norma passará a valer ainda este ano, já que será preciso
criar uma logística para que as peças passem por avaliação e certificação, e
ainda deverá haver um prazo para que as seguradoras se organizem para cumprir as
novas regras.
Com a nova norma e a possibilidade de redução de preços de
apólices, a Susep pretende tornar o seguro mais acessível aos proprietários de
veículos no País. Hoje, apenas 40% da frota nacional são assegurados.
Devido aos altos preços dos seguros no mercado, o casal de
analistas de sistemas Allan Carlos Ramalho, 27, e Karla Machado Palhares
Ramalho, 28, tiveram de optar por proteger apenas um dos veículos da família.
Para assegurar seu Scenic 2003/04, Allan teria de desembolsar entre R$ 1,4 mil e
R$ 2 mil, mas o valor o fez desistir da apólice. Decidiram assegurar apenas o
Honda Fit 2005/06 de Karla, que é estacionado numa praça pública enquanto ela
trabalha e, por isso, está mais propenso a riscos do que o carro de Allan, que
fica em estacionamento próprio da universidade onde é empregado. "Pagamos R$ 1,9
mil no seguro do Honda Fit. Acho um roubo cobrarem tão caro."
Para Allan, que possui carro desde 2006, o risco de rodar sem
proteção de seguro compensou até agora. "Meu primeiro carro foi um Kadet 1998,
que comprei em 2006. Fiquei com ele até o ano passado. Se eu tivesse pagado
seguro durante todo este tempo, teria gasto praticamente o valor do veículo com
a corretora", compara. Para compensar a falta de seguro, o analista de sistemas
toma outras precauções: instalou sistema de alarme antifurto e nunca para em
locais duvidosos. Ele torce para que os valores das apólices sejam reduzidos com
a nova norma da Susep. "Se cair 30%, aí, sim, eu terei coragem de contratar um
seguro, destes mais simples, apenas contra furto e roubo?, garante.
DESMANCHES
Armando Vergílio ressalta que a medida, já discutida e estudada
desde a época em que presidiu a Susep, não pode ser pautada apenas na tentativa
de baixar preços. Para ele, é preciso uma mudança direta na fonte de
distribuição de peças usadas, ou seja, nos conhecidos "desmanches". Para isso, o
presidente da Fenacor, que também é deputado federal pelo PMN-GO, propôs, em
2011, o Projeto de Lei (PL) número 23, para disciplinar as empresas que fazem a
desmontagem de veículos para a venda das peças.
"O reaproveitamento terá de ser dentro de critérios técnicos e
de segurança, com garantia da procedência (nota fiscal) e certificação da
qualidade das peças. Só isso já causará uma redução significativa no índice de
violência urbana, porque vai diminuir o número de roubos e furtos que hoje são
motivados em grande parte para abastecer o mercado paralelo de peças usadas",
opina.
Fonte: Jornal O Popular
Att.
Patricia Campos
Tel: (31) 3463-2838 / 9675-5477
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