Por Márcio Kroehn
O clima da primeira quinzena de outubro foi atípico em boa parte do Brasil. Ondas de frio no Sul, seca na Amazônia. Em São Paulo, os termômetros registraram temperaturas de 10 graus Celsius, quando a média esperada para o período é de 19 graus.
Notícias de clima desregulado se multiplicam ao redor do mundo. Além de perturbar o cotidiano, esses fenômenos provocam prejuízos. Segundo uma estimativa da seguradora alemã Allianz, o frio ou o calor fora de hora, a escassez ou o excesso de chuvas e a falta de vento devem custar US$ 400 bilhões em indenizações às seguradoras em todo o mundo nos próximos dez anos.
Só em 2005, as catástrofes naturais provocaram danos de US$ 60 bilhões à indústria de seguros, a maior fatura em um único ano. Desde então, a despesa não caiu muito. "A média anual de pagamento de seguros por causa da mudança do clima tem sido de US$ 41 bilhões", diz Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros.
No Brasil, o principal risco climático está na geração de energia. O País é o segundo maior investidor em energias renováveis, atrás apenas da China. No ano passado, o financiamento para todas as diferentes fontes renováveis foi de US$ 7,4 bilhões. Quase 70% da energia consumida no Brasil é hidrelétrica. Embora incipiente, a energia eólica vem crescendo aceleradamente e já representa 1% do consumo. Chuvas e ventos irregulares afetam diretamente o faturamento das empresas e esses riscos serão, cada vez mais, cobertos pelas seguradoras. "O desafio do setor é analisar o risco ambiental e social ao lado do econômico", diz Adriana Boscov, gerente de sustentabilidade da SulAmérica Seguros.
No caso do Brasil, o principal risco está na irregularidade das chuvas, que provocam prejuízos no campo, com a quebra de safras, e nas cidades, com alagamentos. Em um ano catastrófico, em que ocorram inundações nas grandes cidades, problemas na geração de energia e na produção agrícola, os desembolsos podem alcançar US$ 100 bilhões.
"As mudanças climáticas têm de entrar na conta", disse com exclusividade à DINHEIRO o suíço Walter Stahel, chefe de pesquisa da associação internacional de estudo sobre a economia do seguro da Geneva Association. Para isso, as seguradoras iniciaram estudos para quantificar os riscos e poder montar produtos. Com o histórico do índice de chuvas e dos locais afetados, será possível determinar, no perfil do motorista, se ele está em uma área de risco de inundação. O resultado desses estudos deve chegar aos preços das apólices de automóveis em São Paulo e no Rio de Janeiro nos próximos dois anos. "Essas alterações acontecerão nos próximos anos e não dá para dirigir nessa estrada olhando pelo retrovisor", diz Thiermann. "Será preciso se adaptar antes que a catástrofe aconteça."
Fonte: Revista Isto é Dinheiro
*Responsabilidade Civil *Equipamentos *Automóvel
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