Seguradora negocia alteração em apólice para grandes obras
As empresas de seguro querem impulsionar os prêmios apurados com apólices
para grandes obras, produto conhecido como seguro garantia. E para isso, a
Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e
Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) negocia com o governo uma
mudança na regulamentação deste seguro. A ideia é aumentar o teto do valor de
cobertura, atualmente em 10% do valor total da obra, para 30%.
Com a medida, as seguradoras esperam provocar um aumento da demanda pelo
produto. “É muito comum que o valor coberto pela seguradora, por conta dessa
limitação, não seja suficiente para compensar o prejuízo causado por um
sinistro”, explica Marco Antonio Rossi, que ontem assumiu a presidência da
Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e
Vida, Saúde Suplementar e Capitalização e também é presidente da Bradesco
Seguros.
Segundo Solange Beatriz Pinheiro Mendes, diretora executiva da CNseg, a
cobertura pode chegar até a 45% do valor da obra em alguns casos, mas ainda não
há uma definição sobre em quais obras ou setores se aplicariam essa maior
cobertura. “No ano passado, as seguradoras apuraram R$ 1 bilhão em prêmios com o
seguro garantia. A expectativa é que este número chegue a R$ 3 bilhões, somente
com a atual demanda do mercado”, afirma Solange.
Uma das reuniões com representantes do Ministério da Fazenda para discutir o
assunto foi realizada ontem, em Brasília. Segundo a diretora da CNseg, algumas
empresas de seguros e resseguros participaram do encontro, como Alexandre
Malucelli, presidente do grupo J. Malucelli, e também representantes da
Allianz.
As regras para a atuação de resseguradoras estrangeiras no País, que
atualmente são limitadas, não entram nessa discussão do seguro garantia, segundo
Rossi. Mas ele afirma que é possível discutir o assunto. “Temos que levar em
consideração que vivemos décadas com o mercado voltado somente para uma empresa.
E só há três anos houve a abertura. É natural que haja ajustes neste processo”,
diz.
No entanto, não é só sobre o seguro garantia que a CNseg pretende conversar
com o governo e com a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Segundo o
novo presidente da CNseg, uma das prioridades da confederação é promover a
massificação do seguro no Brasil e, para isso, ele tem algumas propostas.
“Queremos, por exemplo, flexibilizar a regra que não permite pagamento de
indenização em seguros de automóveis para uso de peças não originais. Isso
encarece bastante o produto para carros mais antigos, e se houver uma mudança, o
preço cairia bastante”.
Rossi admite também que a medida ajudaria a combater a atuação das
cooperativas que atuam ilegalmente como seguradoras, e que buscam exatamente os
proprietários destes veículos mais antigos para vender seus produtos. “Acredito
que, se houver a possibilidade de adquirir um produto que lhe dê mais segurança,
o dono do carro vai preferir fechar com uma seguradora legalizada. É uma questão
de termos o produto em um preço acessível para que possamos chegar até ele”,
afirma.
Outra proposta que vem sendo preparada para ser apresentada ao governo é a
revisão da regra para aplicação das reservas financeiras das seguradoras.
Atualmente, as seguradoras aplicam a maior parte de seus recursos em títulos
públicos, por determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN). “Acreditamos
que deva haver uma flexibilização destas regras. A queda dos juros traz uma nova
realidade para toda a economia, e não é diferente para o segmento de seguros.
Ainda não está pronta a proposta, mas estamos trabalhando nela”, revela
Rossi.
Ele acredita, inclusive, que é viável para as seguradoras realizarem
financiamentos de longo prazo para empresas, especialmente voltados para grandes
obras. Rossi ressalta que seria preciso avaliar bem este tipo de operação e
talvez até determinar quais setores poderiam recorrer a esse tipo de crédito,
mas cita o exemplo de outros países, como Chile e Japão, onde esse tipo de
sistema funciona bem.
Rossi lembra que o setor de seguros no Brasil já atingiu o patamar de 6% do
Produto Interno Bruto (PIB) e que isso deve também atrair cada vez mais as
seguradoras estrangeiras ao País. “Temos um mercado grande, com um potencial de
crescimento muito forte. É claro que isso vai atrair novos concorrentes, e este
cenário é sempre positivo”.
Fonte: DCI
Att.
Patricia Campos
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