“A vida dos consumidores da América Latina não é menos valiosa que a de europeus e norte-americanos”, protesta o presidente do Global Ncap, Max Mosley. Ele administra o instituto que avalia a segurança de automóveis por meio de testes de impacto. Sua frase indignada é consequência do desempenho de Chevrolet Agile e Renault Clio, modelos argentinos que não receberam nenhuma estrela (de cinco possíveis) em avaliações realizadas na semana passada. A ressalva de Mosley é que as mesmas montadoras constroem produtos inversamente seguros para diferentes públicos.
Segurança que não implica em maior custo ao consumidor, aponta o responsável pelos testes do Latin Ncap (divisão do Global Ncap para a América Latina e Caribe), Alejandro Furas, em entrevista exclusiva ao Diário. “A margem de lucro das montadoras no Brasil é muito maior do que em outros países, mas a segurança do carro não é a mesma. Veja o Nissan March. Obteve quatro estrelas na Europa, enquanto aqui recebeu apenas duas (em relação à segurança de passageiros adultos)”, exemplifica Furas, que também é diretor técnico do Global Ncap, instituto ligado a FIA (Federação Internacional de Automobilismo).
Apesar de respeitar os resultados obtidos pelo laboratório de origem independente de governos, o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, afirma que a metodologia dos testes do Ncap não segue padrões de nenhuma legislação no mundo. “No Brasil, as fabricantes podem optar por seguir critérios aplicados na Europa ou Estados Unidos. E não há classificação por estrelas, isto é, ou o carro passa no teste e é fabricado ou é reprovado e nem vai para as ruas”, explica. “Se o carro brasileiro não fosse seguro, não deixaria meu filho dirigir um Agile”, completa.
O representante das montadoras nacionais garante ainda que a Anfavea é a favor da implementação de um laboratório por parte do governo federal, que além de isento, desoneraria os custos das fabricantes com testes de impacto, uma vez que elas devem enviar seus veículos para avaliações no exterior – só Ford, General Motors e Volkswagen têm laboratórios no País.
Embora apoie a iniciativa, o diretor do Latin Ncap defende ainda melhorias na legislação brasileira. “A obrigatoriedade do air bag e (freios) ABS na fabricação dos carros é apenas um começo. É preciso discutir sobre implantação obrigatória de EPS (controle de estabilidade), assim como execução de testes de impacto frontal”, frisa Furas.
Fato é que ambas as instituições não querem ver aumentar os 14.349 óbitos no trânsito, registrados no primeiro trimestre. Vale lembrar que os dados da Seguradora Líder DPVAT representam só a quantidade de indenizações por morte ressarcidas.
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Fonte: Lukas Kenji | Diário do Grande ABC
Att.
Patricia Campos
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