Está pensando em trocar de carro? Não se esqueça do que acontece depois que o vendedor lhe entrega a chave. O pós-venda tem o poder de emplacar ou arruinar um modelo.
Há vários exemplos na história automobilística do país, como o Volkswagen Fusca, cujo sucesso foi também graças à manutenção fácil, disponibilidade de peças e ampla rede; já quem foi dono de um Lada Samara sentiu na pele a falta que faz uma boa pesquisa no pós-vendas.
Com um desenho do italiano Giorgetto Giugiaro, famoso pelas Ferraris, o Lada foi um dos primeiros a chegar ao Brasil após abertura das importações pelo então presidente Collor, nos anos 90. Com preço convidativo e qualidade discutível, para não dizer sofrível, só oferecia assistência técnica em alguns poucos centros urbanos e, ainda assim, corria o risco de não haver peças de reposição.
Atualmente o cenário é outro, a prestação de serviços melhorou, mas o comprador ainda tem que tomar alguns cuidados para não comprar um ‘Lada’ em pele de cordeiro. Veja abaixo dicas para evitar problemas.
1) Preços das peças variam muito: pesquise sempre
Muitas vezes o preço do carro é convidativo, mas o custo da manutenção é proibitivo. Peças semelhantes chegam a ter diferenças enormes de marca para marca. Um pacote básico para um sedã médio 2.0, fabricado no Brasil, contendo óleo do motor, filtro de óleo e filtro de ar custa algo em torno de R$ 140,00. Já o mesmo pacote para um sedã alemão da mesma categoria, não sai por menos de R$ 700,00, uma diferença de 400%.
Apesar de estarmos comparando peças com qualidades diferentes, o importante é saber que, para manter um importado, os custos são bem maiores. Uma das justificativas dadas pelas importadoras diz respeito à incidência de impostos. Segundo elas, as peças possuem uma carga tributária muito maior quando comparadas aos impostos que incidem sobre os veículos.
Em média, um conjunto pastilha e disco de freio para um carro nacional, “popular”, sai por R$ 300 em São Paulo. E uma lanterna traseira, cerca de R$ 150. Mas uma pesquisa rápida em concessionárias com modelos que não são feitos no país mostra preços bem maiores para as mesmas peças: - pastilhas e discos de freio Jeep Cherokee 2009 (carro vem dos EUA): R$ 2.500; - lanterna traseira Chevrolet Captiva 2011 (carro vem do México): R$ 760; - lanterna traseira Honda CRV 2011 (carro vem do México): R$ 1.280 (Fonte: concessionárias Caltabiano, Nova, Osten e Daytan)
2) Oficina campeã de faturamento?
Cuidado Em várias marcas, os consultores técnicos das oficinas de concessionárias possuem uma política salarial no mínimo discutível. Em alguns casos, chegam a ter 70% de seus salários definidos por comissão sobre as vendas. Então, dê preferência ao modelo de carro que tenha o preço de manutenção fechado. Se o consultor quiser um salário melhor terá que atender a mais clientes. De forma geral, pesquise no site da montadora onde ficam as oficinas credenciadas próximas dos locais que você frequenta e, assim, descobra de antemão que, se comprar um carro de determinada marca, você terá que sair de sua cidade para fazer uma simples revisão.
3) ‘Casado’ com a concessionária
Com tanta eletrônica embarcada, alguns modelos só podem ser diagnosticados e reprogramados em concessionárias. O objetivo é fidelizar (para não dizer “amarrar”) o cliente à concessionária. E a loja pode colocar o preço que bem entende para o serviço. O diagnóstico de um problema na injeção eletrônica, por exemplo, pode custar de R$ 120 a R$ 1.000.
Para evitar que reparadores independentes tenham acesso a este tipo de programação, algumas concessionárias possuem o requinte de acessar provedores localizados fora do país. Isso tudo significa que, se estiver na estrada e a luz da injeção acender, você será obrigado a guinchar carro para a concessionária mais próxima, mesmo que ela esteja a 1.000 km.
Se for partir para um zero km, avalie bem os termos de garantia: os prazos de atendimento mais longos, geralmente exigem visitas periódicas ás concessionárias e sempre com algum custo. O mais importante é fazer conta, pois, apesar de exigir a fidelidade do cliente, a garantia não cobre todos os reparos de que o veículo necessita.
4) Manutenção pesa na desvalorização
Agora você entende porque alguns carros desvalorizam 8% e outros chegam perder 15% do valor no primeiro ano. Algumas concessionárias chegam a desvalorizar seus próprios modelos em até 25%. Em alguns casos a manutenção é tão cara que acabam sendo abandonados por aí. Vender esses carros chega ser uma tarefa impossível.
5) Ranking da reclamação
Sua experiência anterior com a marca deve ser levada em conta, porém é muito pouco representativa. Você é apenas um dos milhares de compradores daquele modelo. Independentemente de a experiência ter sido boa ou ruim, não dá para tirar conclusões definitivas sobre aquela marca.
Reserve um tempo para pesquisa: existe muita informação disponível na internet e vale a pena olhar sites que reúnem queixas de consumidores, como o Reclame Aqui. Para fazer uma avaliação ou mesmo uma comparação entre dois modelos é importante considerar a quantidade de reclamações em relação à quantidade de veículos vendidos, disponível no site da Federação Nacional da distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Muito possivelmente, um modelo com alto volume de vendas terá um número maior de queixas do que um que vende pouco.
6) Seguro também dá ‘sintoma’
Dar uma olhada no valor do seguro é muito bom, não apenas pelo custo da apólice, mas principalmente pelo fato de que as companhias de seguro possuem departamentos específicos que avaliam os riscos de roubo e os custos de reparo em caso de sinistro. O Cesvi Brasil é uma empresa parceira das companhias de seguro que faz esse levantamento, vale a pena entrar no site para conferir.
Seguros muito caros não são bons indicadores. Em alguns casos nem a companhia de seguros tem interesse em ter o comprador de determinado carro como cliente.
Por esses motivos, fechar o negócio e levar o carrão para casa é apenas o começo da relação comercial. Coloque a emoção de lado e pesquise: sua satisfação com a compra será proporcional à dedicação na escolha.
Fonte: G1
Att.
Patricia Campos
Tel: (31) 3463-2838 / 9675-5477
Nenhum comentário:
Postar um comentário